Os mitos e as verdades sobre a disfunção erétil

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Os mitos e as verdades sobre a disfunção erétil

A disfunção erétil – definida como a incapacidade persistente (ao longo de três meses ou mais) de obter e de manter uma ereção que permita uma relação sexual satisfatória – é a segunda disfunção sexual masculina mais frequente, a seguir à ejaculação precoce, afetando, em Portugal, mais de 400 mil homens com idades entre os 40 e os 70 anos. Apesar do acesso mais facilitado à informação, ainda subsistem inúmeras ideias preconcebidas relacionadas com a disfunção erétil, que serão desconstruídas neste artigo.

A disfunção erétil é uma condição que afeta exclusivamente os homens de idade avançada?

Mito: Estima-se que 13% dos homens em Portugal com idades entre os 40 e os 70 anos sofrem de disfunção erétil. 10% dos homens com idades entre os 40-70 anos apresentam uma incapacidade total para manter ou obter uma ereção e 25% dos homens dentro deste intervalo etário (40-70 anos) apresentam um grau moderado de disfunção erétil. Embora esta condição seja altamente dependente da idade – a prevalência total de disfunção erétil moderada a completa ronda os 22% aos 40 e ascende aos 49% aos 70 anos –, os números revelam que 5 a 10% dos homens com idades inferiores a 40 anos também sofrem de disfunção erétil.

 

Não obter uma única ereção já é sinónimo de disfunção erétil?

Mito: A disfunção erétil é definida pela incapacidade persistente de obter ou manter uma ereção, que permita ter uma relação sexual satisfatória. A dificuldade de obter uma ereção, num determinado momento, não significa que o homem sofre de disfunção erétil. Há fatores psicológicos que podem interferir com a capacidade de obter uma ereção. A disfunção erétil é considerada quando, em 75 a 100 por cento das ocasiões, há uma dificuldade marcada de obtenção de uma ereção e/ou uma dificuldade marcada em manter a ereção até ao fim do ato sexual ou ainda quando há uma diminuição acentuada da rigidez erétil. Estes sintomas devem persistir por um período mínimo de seis meses antes de ser colocada a hipótese de disfunção erétil[1].

A disfunção erétil é mais do que um problema do foro sexual e pessoal?

Verdade: A disfunção erétil pode ter múltiplas causas: psicológicas, físicas ou hormonais. Está descrito que a disfunção erétil poderá ser um sintoma de outras doenças como a hipertensão, a diabetes, problemas cardiovasculares, condições que podem ser agravadas pelo sedentarismo, pelo tabagismo e pelo alcoolismo. Qualquer uma das doenças anteriores poderá afetar a irrigação sanguínea nas artérias do pénis, impedindo a obtenção de uma ereção1.

O estilo de vida influencia a função erétil?

Verdade: Já está bem documentado que o tabagismo, o consumo regular de álcool, o sedentarismo e a obesidade influenciam a saúde sexual do homem. É, portanto, recomendável que a intervenção terapêutica contemple também a modificação do estilo de vida. O tabagismo compromete o fluxo de sangue no pénis, impedindo assim a capacidade de ereção. Um estudo demonstrou que, um ano após a cessação tabágica, 25% dos ex-fumadores reportaram melhorias na capacidade erétil[2],[3].

A diabetes e a função erétil são dois problemas distintos?

Mito: Os estudos demonstram que a disfunção erétil é uma condição que afeta 3,5 vezes mais os homens com diabetes e que, em homens com diabetes, prevalência da disfunção erétil é de 57,7% (incluindo a diabetes tipo 1 e tipo 2)[4],[5].

As alternativas “naturais”, disponíveis no mercado para o tratamento da DE, são isentas de riscos.

Mito: Muitos suplementos ou outras opções ditas naturais, usadas no tratamento da disfunção erétil, são facilmente adquiridas em ervanárias. Contudo, a utilização destes produtos não é isenta de riscos. Antes de comprar algum destes produtos para a disfunção erétil, fale com o seu médico, especialmente se estiver medicado para doenças crónicas, como a diabetes ou doenças do coração. A utilização de produtos “naturais” pode interferir com a toma da medicação habitual, nomeadamente com os nitratos, e causar reações adversas graves.

A DE só afeta o homem com esta disfunção?

Mito: Tanto o homem como a/o parceira/o são afetados pela disfunção erétil. A Disfunção Erétil compromete a relação íntima entre o casal, sobretudo quando o problema não é assumido e enfrentado pelo homem com esta disfunção sexual. A/O companheira/o pode sentir-se culpada/o pela incapacidade erétil. Este sentimento de culpa poderá afetar a autoestima da/o  parceira/o e comprometer a relação entre o casal. O apoio da/o parceira/o é fundamental para que o homem decida procurar ajuda e soluções de tratamento da disfunção erétil.

A Disfunção Erétil está relacionada com a próstata?

Verdade: É parcialmente verdade. Alguns tratamentos do cancro da próstata, como a cirurgia radical da próstata (prostatectomia radical) ou a radioterapia, podem estar na origem da disfunção erétil. Os medicamentos antiandrogénicos (usados no contexto do cancro da próstata) e aqueles que são usados tratamento da hiperplasia benigna da próstata também podem causar disfunção erétil.

 

[1] Sooriyamoorthy T, Leslie SW. Erectile Dysfunction. 2022 May 27. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 32965924.

[2] Pourmand, G., Alidaee, M. R., Rasuli, S., Maleki, A., & Mehrsai, A. (2004). Do cigarette smokers with erectile dysfunction benefit from stopping?: a prospective study. BJU International, 94(9), 1310–1313. https://doi.org/10.1111/j.1464-410x.2004.05162.x.

[3] Kovac JR, Labbate C, Ramasamy R, Tang D, Lipshultz LI. Effects of cigarette smoking on erectile dysfunction. Andrologia. 2015 Dec;47(10):1087-92. doi: 10.1111/and.12393. Epub 2014 Dec 29. PMID: 25557907; PMCID: PMC4485976.

[4] Defeudis G, Mazzilli R, Tenuta M, Rossini G, Zamponi V, Olana S, Faggiano A, Pozzilli P, Isidori AM, Gianfrilli D. Erectile dysfunction and diabetes: A melting pot of circumstances and treatments. Diabetes Metab Res Rev. 2022 Feb;38(2):e3494. doi: 10.1002/dmrr.3494. Epub 2021 Sep 21. PMID: 34514697; PMCID: PMC9286480.

[5] Kouidrat Y, Pizzol D, Cosco T, Thompson T, Carnaghi M, Bertoldo A, Solmi M, Stubbs B, Veronese N. High prevalence of erectile dysfunction in diabetes: a systematic review and meta-analysis of 145 studies. Diabet Med. 2017 Sep;34(9):1185-1192. doi: 10.1111/dme.13403. Epub 2017 Jul 18. PMID: 28722225.

 

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