As Infeções do Trato Urinário são as Infeções Bacterianas mais Frequentes

As Infeções do Trato Urinário são as Infeções Bacterianas mais Frequentes

As infeções do trato urinário (ITUs) representam o segundo processo infecioso de maior incidência, principalmente entre as mulheres de todas as idades, mas com maior impacto nas mais jovens. São as infeções bacterianas mais frequentes nos cuidados primários. Muitas vezes elas podem ser de repetição.

São, como referido no parágrafo anterior, comuns, afetando tanto homens como mulheres de todas as idades, variando muito na sua apresentação e sequelas. São, de facto, uma causa major de morbilidade, podendo levar a significativa mortalidade.

Apesar do trato urinário estar normalmente livre de crescimento bacteriano, as bactérias geralmente ascendem de um reservatório rectal causando infeção. Quando a virulência bacteriana aumenta ou as defesas do hospedeiro diminuem, ocorre inoculação, colonização e infecção bacteriana.

De um diagnóstico e tratamento corretos e cuidadosos decorre a resolução da infeção.

As manifestações clínicas podem variar desde uma colonização bacteriana assintomática da bexiga a sintomas irritativos como urgência e frequência urinárias associadas a infeção bacteriana; infeções do trato urinário alto (rins) estão geralmente associadas a febre, arrepios, calafrios e dor lombar. Podem ainda apresentar-se com hematúria (presença de sangue na urina).

A Escherichia coli é, de longe, a causa mais comum de infeções do trato urinário, contando cerca de 85% das infeções adquiridas na comunidade e 50% das adquiridas nos hospitais.

Na maior parte das vezes a infeção urinária é uma cistite aguda, classificada como ITU baixa. As principais queixas são a dor ou ardor ao urinar, a vontade de ir muitas vezes ao quarto-de-banho com pequenos volumes de urina eliminados, sangue na urina, dor abdominal no abdómen baixo ou incontinência urinária. A cistite aguda apresenta-se, fundamentalmente, em mulheres sem doenças de base e sem anomalias funcionais ou estruturais. Estas infeções apresentam uma taxa de incidência alta naquele grupo, uma grande proporção das quais terá apresentado um episódio de cistite antes dos 40 anos. Entre 50 e 60% das mulheres em fase de pré-menopausa, terão tido, pelo menos um episódio de ITU na sua vida. Destas, 90%, será uma cistite. O pico de incidência de infeções não complicadas do trato urinário baixo em mulheres observa-se entre os 18 e os 39 anos (coincidindo com a idade de máxima atividade sexual na mulher).

As ITU’s baixas não complicadas comunitárias são causadas por um escasso número de espécies bacterianas sendo que mais de 95% destas são produzidas por uma única espécie. A maioria é produzida por microrganismos aeróbios Gram-negativos provenientes do cólon, sendo as enterobactérias da flora fecal as que colonizam a zona urogenital. Uma minoria possui uma etiologia exógena, isto é, são produzidos por microrganismos ambientais introduzidos nas vias urinárias durante a sua manipulação.

Na mulher jovem sem fatores de risco, as cistites agudas são causadas quase exclusivamente por Escherichia coli (70-80% dos casos) sendo o maior factor de risco o coito.

Também podem atingir o aparelho urinário alto, neste caso os rins, cursando com os sintomas já descritos, além de febre, quebra do estado geral e dor lombar, habitualmente unilateral (pielonefrite aguda – infeção do rim).

O risco de recorrência nos seis meses seguintes é maior nas infeções por Escherichia coli (a bactéria mais frequente nas infeções urinárias, conforme referido anteriormente).

As infeções por vezes estão subjacentes a questões anatómicas como uretra (canal pelo qual a urina sai da bexiga) curta, favorecendo a entrada de bactérias, ou pela proximidade entre uretra e ânus (favorecendo a contaminação por bactérias fecais).

No capítulo das infeções do trato urinário há que dar especial relevância à infeção recorrente ou de repetição.

A ITU recorrente ou de repetição é classificada de acordo com o número de vezes que ocorre: 3 ou mais ITU’s no espaço de um ano ou pelo menos duas ITU’s num período de 6 meses. As infeções urinárias de repetição constituem assim um quadro que tem um impacto significativo sobre a qualidade de vida da mulher. Em tais mulheres, uma série de possíveis medidas e tratamentos pode ser instituída, visando reduzir a frequência dos episódios.

O diagnóstico de uma infeção urinária de repetição faz-se mediante exame sumário de urina. Uma urocultura  deverá ser solicitada.

Não estão rotineiramente indicados, para o estudo das mesmas, outros exames nomeadamente exames de imagem. Estes deverão ser solicitados quando as infecções não cessam apesar da profilaxia atrás indicada.

A realização de higiene perineal e micção precoce, imediatamente após o coito, além da ingestão abundante de líquidos, visando aumentar o débito urinário, pode contribuir para a redução do risco. Para além destas medidas simples, também o evitar da utilização de espermicidas, o uso de roupas adequadas (pouco justas) e as micções regulares, parecem contribuir para a diminuição da sua frequência.

Além destas medidas, pode fazer-se a profilaxia das infecções mediante a utilização de alguns medicamentos/substâncias naturais, que não antibióticos. Existem vários, de eficácia comprovada:

  • CranbeClear: Um tipo especifico de Arando de elevada concentração de proantocianidinas, estando comprovada a sua eficácia, na diminuição da frequência das infeções urinárias;
  • D-manose e Propolis;
  • Estriol vaginal;
  • Imunoterapia;
  • Instilação endovesical de ácido hialurónico e sulfato de condroitina;

Além das medidas atrás descritas, existe a intervenção farmacológica com recurso a antibióticos.

Os antibióticos mais usados são:

  • Ciprofloxacina 250mg/dia
  • Trimetroprim 100mg/dia
  • Nitrofurantoína 50-100mg/dia
  • Fosfomicina 3g de 10-10 dias
  • Cefaclor 250mg/dia (na gravidez)
  • Cefalexina 125mg/dia (na gravidez)

Não tome antibióticos por sua iniciativa. Consulte sempre o seu médico assistente. O uso inadequado de antibióticos pode aumentar a resistência dos micro-organismos patogénicos à ação do medicamento.

Em resumo:

As mulheres devem ser aconselhadas sobre a necessidade de modificações comportamentais, que poderão diminuir a recorrência das infeções urinárias.

Medidas como o uso de CranbeClear (Arando), de estrogénios tópicos, de D-manose, de Propolis, de ácido hialurónico e sulfato de condroitina, imunoterapia e antibioterapia, permitem diminuir a recorrência das infeções urinárias.

Dr. Nuno Barbosa

Urologia
Grupo Trofa Saúde

O conteúdo cientifico reproduzido nesta página foi desenvolvido pelo profissional de saúde mencionado.

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